De acordo com dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), cerca de 280 mil crianças são diagnosticadas com câncer todos os anos, sendo uma das principais causas de morte entre 0 e 19 anos. O câncer infantil no Brasil é responsável por 8% dos óbitos nessa faixa etária, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgadas pelo Ministério da Saúde.
A OPAS alerta que, enquanto a taxa de sobrevivência é de 80% nos países desenvolvidos, ela é de apenas 20% nas nações de baixa e média renda. Um dos motivos para essa diferença no sucesso do tratamento é a precocidade do diagnóstico. Por isso, a conscientização do câncer infantil é fundamental.
Continue a leitura e entenda melhor sobre as ações de conscientização do câncer infantil!
Quais são os principais sintomas de câncer em crianças?
Os sintomas podem variar bastante a cada caso e tipo de câncer. Os que mais acometem crianças e adolescentes são aqueles que atingem o sistema sanguíneo, os tecidos de sustentação e o sistema nervoso central. De acordo com dados do INCA, compilados pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a incidência dos diagnósticos é a seguinte:
- leucemias — 28%;
- tumores do sistema nervoso central — 26%
- linfomas — 8%;
- neuroblastoma — 8%;
- tumor de Wilms, nos rins — 6%;
- tumores ósseos — 5%;
- retinoblastoma, nos olhos — 3%.
Alguns dos sintomas possíveis do câncer infantil são:
- palidez;
- hematomas sem trauma associado;
- sangramentos nas gengivas;
- caroços indolores;
- inchaço na região abdominal;
- suores noturnos;
- perda excessiva de peso sem explicação;
- dores ósseas;
- dor nos membros;
- dores de cabeça frequentes e/ou muito intensas;
- náuseas e vômito, sobretudo pela manhã;
- alterações nos olhos, como perda visual, pupila branca e estrabismo;
- fadiga ou mudanças de comportamento;
- tonturas;
- febre prolongada sem origem aparente;
- perda do equilíbrio ou da coordenação.
Em geral, a criança com a doença têm sinais semelhantes aos de doenças comuns na infância, o que pode atrasar a investigação adequada e o diagnóstico. Por isso, as consultas regulares ao pediatra e o olhar atento por parte dos pais faz toda a diferença para a identificação de anormalidades.
Um sinal de alerta é a recorrência das queixas. Problemas mais corriqueiros, como gripes, podem ocasionar alguns desses sintomas, mas eles tendem a sumir dentro de poucos dias. Quando a criança tem esses incômodos repetidamente, é preciso ter atenção.
Além disso, caso os exames laboratoriais indiquem alterações sem motivo aparente, também é importante proceder com uma investigação mais profunda.
Como amenizar o impacto do câncer na infância?
O tratamento do câncer é bastante invasivo e debilitante, podendo incluir cirurgias, altas doses de quimioterapia e radioterapia, ou até transplantes. Com isso, há muitos impactos no bem-estar da criança, que muitas vezes ainda não têm maturidade intelectual e emocional para entender o seu problema de saúde e a necessidade do tratamento.
Por isso, é fundamental que todas as etapas envolvam muito cuidado e empatia para auxiliar o paciente nesse difícil processo. É importante que, sempre que houver condições, a criança seja respeitada em sua ludicidade, com oportunidades de brincar, interagir com seus pares e se distrair normalmente.
Para além do tratamento, o câncer infantil se traduz em maiores dificuldades escolares e de socialização, que devem ser observadas e acompanhadas para reduzir as consequências futuras para a criança.
Qual a importância da prevenção contra o câncer infanto-juvenil?
É importante destacar que o câncer infantil não tem tanta relação com fatores ambientais ou estilo de vida, como pode acontecer nos adultos. Por isso, nem sempre é possível prevenir o surgimento da doença ou controlar fatores de risco.
A leucemia, por exemplo, é o câncer mais comum na infância, com causas ainda desconhecidas. Alguns pesquisadores acreditam que ela está relacionada a certas alterações no DNA, como mutações herdadas. Porém, a maioria dos casos se desenvolve após o nascimento, por mutações adquiridas.
Então, o foco da atenção das famílias deve estar na rápida identificação de anormalidades para a precocidade do diagnóstico. Quanto mais rápida é a intervenção da equipe médica com o tratamento adequado, menores são os impactos na qualidade de vida da criança e a multiplicação das células cancerígenas, aumentando as chances de cura.
Dependendo do tipo de câncer e dos órgãos afetados, os exames de imagem são muito bem-vindos para o diagnóstico precoce e preciso. Destaca-se a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e as ultrassonografias, além das radiografias.
Atualmente, a inteligência artificial (IA) é uma importante aliada da saúde. Muitos equipamentos de radiologia já contam com IA para auxiliar na detecção de padrões anormais nos tecidos, melhorando os resultados e acelerando as conclusões.
Por que a conscientização é fundamental?
Pela dificuldade de prevenção do câncer infantil e identificação, a melhor forma de combater seus impactos e a mortalidade a ele associada é conscientizando a população acerca da doença. Existem diversas iniciativas dos órgãos de saúde para melhorar esse aspecto, incluindo:
- o Dia Internacional do Câncer na Infância (15 de fevereiro);
- o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil (23 de novembro);
- as campanhas de Setembro Dourado – Mês de conscientização do câncer infantojuvenil.
Essas iniciativas ajudam a informação a ultrapassar as revistas médicas e chegar dentro das casas das pessoas. As campanhas podem ser estimuladas em unidades de saúde, empresas, escolas e outros ambientes.
Desse modo, as famílias ficam mais atentas aos sintomas, que muitas vezes são imprecisos. É importante que a população saiba que alguns sinais aparentemente inofensivos devem ser considerados, sobretudo quando são persistentes.
Essas ações também contribuem para apoiar as crianças com câncer e seus familiares, minimizando alguns dos impactos sociais e emocionais da doença. Ainda, deve existir uma conscientização sobre a importância das consultas regulares ao médico pediatra e dos exames de rotina.
As campanhas contribuem com a mobilização dos próprios profissionais de saúde, que também estão sujeitos a deixar passar sinais importantes, justamente devido à sua incidência em diversas doenças pediátricas de baixa complexidade.
Diante desta leitura, vimos que a conscientização do câncer infantil é uma das mais relevantes medidas de proteção para crianças e adolescentes, já que o diagnóstico precoce é um dos elementos-chave para o sucesso do tratamento.
Aproveite que está aqui e saiba também como o diagnóstico preciso ajuda no tratamento do paciente!